Quem faz parte do meu convívio sabe que raramente saio de minha casa. Primeiro pela dificuldade de mobilidade, segundo porque odeio trânsito tanto quanto temo a violência, terceiro, porque nada é perto nessa cidade.
Cerca de dois meses atrás saí de Guaratiba, cruzei toda a extensão dessa decadente cidade, cruzei as barcas e passei uma excelente tarde com Romão basicamente tratando da migração de toda a base de dados do Mamaterra para um servidor alemão e a confecção de um site novo. Conversamos sobre a arquitetura da informação e do que poderia ser o novo portal já que antemão acordamos que o Mamaterra tinha potencial, sim, para ser um portal.
Romão aproveitou para me apresentar um jovem que seria a parte operacional à frente de minhas orientações visto que minhas dificuldades motoras ainda me limitam bastante a execução de algumas tarefas.
Evitamos falar fe nossas agruras e falamos bastante de vida, de sonhos e de projetos.
Saio de Niterói e dias depois sei de Romão internado novamente. Ele me manda mensagem pelo WhatsApp dizendo que quando saísse nós continuariamos o trabalho e, como sou homem da disciplina, fiquei aguardando até receber a notícia de sua morte.
Agora só me resta buscar com Othrum uma forma de terminar o que me comprometi com meu amigo fazer. Creio que preservar o legado do Mamaterra é o melhor que posso fazer por esse amigo, ativista, cérebro brilhante, que muito me ensinou nesses quase 30 anos de amizade e convivência.
Vá em paz meu amigo, luz em seus caminhos. Silêncio!