Praia Grande/SP – Nasceu em Santos, mas vive na Praia Grande com os pais, Gilmar e Geovanna, e a irmã mais velha, Mariana, uma das maiores revelações da nova geração de poetas brasileiros.
Com apenas 20 anos, mas com a maturidade de um veterano, Felipe Nascimento gosta da poesia de Carlos Drumond e do maranhense Ferreira Gullar, porém tem estilo próprio.
Ele afirma que a música teve papel central na sua poesia. “Foi a música que me trouxe para a poesia”, garante.
Felipe também gosta das letras e sambas de Chico Buarque, se liga em História da Arte e é leitor ávido dos clássicos da literatura brasileira.
Fiel as origens dos avós nordestinos, da música do Nordeste, ele diz apreciar um baião, estilo que celebrizou Luiz Gonzaga, considerado o “rei” deste gênero.
Por conta da sua altura, cerca de 1,90m, na família prognosticava-se que seria um bom jogador de basquete. Ele, porém, com a timidez típica de quem não gosta de chamar a atenção pra si, confessa: não tem vocação para o esporte.
Politizado, embora não milite em qualquer partido, Felipe diz acreditar em um Brasil Democrático “que seja governado pela classe trabalhadora”.
REVELAÇÃO
O talento para a poesia está escancarado na sua pequena produção literária, constituída por dois livros publicados – “A Alegria é surda” (produção independente) e “O Lado Sensacional da Vida é o meu – ou Livro dos Mortos”, pela Editora Patuá.
Nos dois com edições esgotadas, Felipe expõe o estilo de poeta maduro, que brinca com as palavras carregadas de imagens fortes, com referências que vão desde a mitologia grega à Música Popular Brasileira.
Sobre como se auto-define existencial e filosóficamente, costuma sair pela tangente ao confessar ser ateu e “gostar mais de gatos”.
Confira a qualidade da poesia do jovem poeta, neste poema, ainda sem título.
“O amor persiste.
Quente nas tripas de um soldado.
O amor me estraga,
Ganância de querer o mundo em mim.
O amor persiste na bala do fuzil,
Feito bactéria de lata.
Eu levo meu pierrô.
Engano meu:
O bloco era um campo de batalha.
Engano meu:
Saio todo azul, flutuando pesado,
Seguindo o sopro da ilusão.
E todos com seus narizes e queixos de reis,
Ensaiavam a contrarrevolução:
A nova ensaiada dança da solidão a dois.
Amor é pretensão,
É um ensaio de uma peça por séculos mal compreendida.
É o grito de alguém surdo.
Um dia vou rir,
Vou rir bem triste,
Quando ouvir alguém cantar
Chet Baker em ritmo de pagode.
E meus olhos, alguma luz sobre escuridão,
Compreenderão o estranho festim,
De se mutilar por uma aceitação qualquer,
De explodir o inimigo por compaixão.”